Acessórios complementam o figurino, caracterizando a mulher fotografada da maneira desejada. Pulseiras, brincos, bolsas, sapatos, saídas de banho, casacos e shorts são complementos de estilo. Esses acessórios também estão creditados na revista e têm valores tão ou mais altos do que os das roupas e são assinados também por marcas renomadas. Ser bela, para Sampaio e Ferreira (2009), está ligado a qualidades estéticas, explicitadas nos atributos físicos e que estão constantemente veiculados pela mídia. Ela mostra que o padrão de beleza sempre foi uma construção cultural – algo que precisa ser desafiado se a ideia é promover uma maior aceitação do corpo feminino, valorizando a diversidade.
Independentemente da silhueta, o padrão de beleza imposto pela moda exige que os corpos se transformem cada vez mais. A indústria fashion passa, então, a produzir vulnerabilidade, e a construção social em torno dos mandamentos da beleza intensifica cada vez mais a insatisfação das mulheres quanto à própria aparência. As modelos e atrizes eram enaltecidas por seus corpos magérrimos, e influenciavam o público da época com um padrão de beleza inalcançável. Hoje em dia, quem cumpre esse papel são as influenciadoras digitais — a empresária americana Kim Kardashian, por exemplo, perdeu muito peso nos últimos meses e abandonou a silhueta cheia de curvas por uma imagem extremamente magra. O tom dos textos é imperativo em dois editoriais, em “Mergulhe no geométrico” (P. Carta, 2006, p. 98-99), e, no título de “O canto do cisne”, quando se diz “concentre o máximo de glamour num look mínimo” (P. Carta, 2010, p. 163).
A indústria da moda é a única responsável pelos padrões de beleza?
“As roupas não são atuais e não me valorizam em nada, é só um monte de pano que me cobre da cabeça aos pés. Nunca encontro nada que quero porque sou obrigada a levar o que me serve”, conta Danielli. Cor, modelo, acabamento… nunca antes havia se encantado tanto por uma peça. Há meses procurava por um par de jeans, não por falta de procura, mas por falta de tamanho.

A artista que coleciona roupas de vítimas de abusos sexuais para desconstruir discurso da culpa
Em seu perfil no instagram, @jessicalopes, a influencer compartilha os avanços da moda plus size e como a moda tende a se transformar cada vez mais para incluir todos os tipos de corpos. “Comprar roupas já foi desafiador, mas eu sempre quis usar os looks que eu queria, então eu usava a criatividade a meu favor, personalizava peças, comprava na sessão masculina, cortava, pintava e dava meu jeito. Hoje em dia, é outra realidade, existem inúmeras marcas que atendem ao mercado Plus, de inúmeros estilos, e encontro basicamente tudo que tenho vontade”, conta.
Da mesma forma, podemos pensar em relação à televisão, que veicula imagens de corpos perfeitos através dos mais variados formatos de programas, peças publicitárias, novelas, filmes etc. Isso nos leva a pensar que a imagem da “eterna” juventude, associada ao corpo perfeito e ideal, atravessa todas as faixas etárias topo de cabeça cabelo humano e classes sociais, compondo de maneiras diferentes diversos estilos de vida. Nesse sentido, as fábricas de imagens como o cinema, televisão, publicidade, revistas etc., têm contribuído para isso. A indústria da moda desempenha um papel significativo na definição dos padrões de beleza em nossa sociedade.
De natureza empírica e do tipo descritivo-exploratório, optou-se pelo levantamento como técnica de pesquisa. A coleta de dados foi realizada através de questionário online e 181 mulheres na faixa etária entre 20 a 44 anos responderam ao instrumento de coleta. Ademais, houve coleta documental através das redes sociais de quatro lojas de departamento de abrangência nacional e que desenvolvem campanhas publicitárias dirigidas também ao público feminino. Verificou-se que o marketing influencia a relação da mulher com a sua imagem e representação na mídia. A disseminação do ideal de beleza como um ‘produto’ provoca reflexos em diversas mídias, que vendem e incentivam padrões físicos considerados ‘ideais’.
Procure valorizar suas qualidades, cuide de si mesmo e busque rodear-se de pessoas que te apoiam e te valorizam pelo que você é, não apenas pela sua aparência. Como vimos aqui, a mudança precisa ser estrutural e poderíamos evitar manipulações de imagem se o poder público tivesse mais diretrizes e fiscalização sobre o tema. Enquanto isso, fazemos biquíni cintura alta a nossa parte apoiando quem se preocupa em fazer diferente. Ana Luiza procurou por acompanhamento nutricional, e luta contra a Bulimia e a Anorexia desde 2014. Beatriz, porém, levou tempo para perceber a problemática de seus comportamentos, e nunca compartilhou suas aflições sobre o próprio corpo com sua família ou com profissionais da área.
Consequências da busca pelo padrão de beleza idealizado
Listamos alguns dos efeitos nocivos dessa pressão, com a ressalva de que os padrões de beleza não são a única causa dos problemas abaixo. A nutricionista Dani Borges explica que qualquer dieta, seja restritiva ou não, precisa ser individualizada. O ideal é que ela seja planejada por um profissional de saúde de maneira personalizada, levando em consideração fatores como a rotina, preferências alimentares, intolerâncias e metas do paciente. Por outro lado, a questão referente ao bronzeado é controversa nos editoriais da Vogue, pois, em alguns dos editoriais analisados (P. Carta, 2005, 2006, 2009), a maquiagem tenta disfarçar a brancura da pele das modelos.
A ausência do nome da modelo nos créditos torna ainda mais difícil essa diferenciação, pois suas identidades são homogeneizadas. De acordo com a jornalista Rodrigues (2005), ao propor um modelo ideal, a mídia pasteuriza as mulheres, sugerindo que todas sejam iguais, dando inclusive dicas de como fazer isso. Nas imagens da Vogue, essas dicas podem não estar explícitas, mas são percebidas de forma subliminar num único tipo de corpo apresentado. Esse fato pode ser percebido pelo que é mostrado nas passarelas, na publicidade das marcas que nelas desfilam e especialmente ilustrado nos periódicos femininos. Portanto, como coloca Strey (2004), a moda se impõe e é imposta por diversos meios de comunicação. Neste artigo, exploraremos como a indústria da moda influencia os padrões de beleza e os impactos disso em nossa sociedade.